segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Psicologia do Trabalho


Partindo do princípio que a história da humanidade se baseia na história das forças produtivas, formas de associação e das relações sócias: quem faz o quê? O que é produzido? Quem fica com o retorno financeiro? Para melhor entendimento da ciência psicologia do trabalho, tomemos ciência da conceituação da palavra trabalho, no sentido popular é associada a esforço físico, porém é só o esforço físico que é considerado trabalho; na definição do dicionário Aurélio encontramos inúmeras especificações 1- aplicação das forças e faculdades mentais humanas para alcançar determinado fim, 2- atividade coordenada física e/ou intelectual necessária a realização de qualquer empreendimento, 3- exercício da atividade como ocupação, 4- ofício, remunerado ou assalariado, 5- local onde se exerce atividades.

O trabalho atualmente é visto por muitos como uma coisa necessária, como também um fardo. Susana Albornoz[1] menciona que o trabalho tem que ser visto como uma fonte de prazer, o trabalhador tem que se sentir bem trabalhando e que não ache aquilo uma obrigação irritante, se ele conseguir isso o trabalho terá algum sentido para ele.

Para tanto, o psicólogo atua como um facilitador de conscientização dos papéis diversos de grupos que compõem uma instituição, considerando a subjetividade dos sujeitos, sem perder de vista a sua inserção no contexto mais amplo da organização; conciliando produtividade com qualidade de vida.

A fim de garantir a sobrevivência empresarial, a psicologia passou a incorporar novas técnicas, técnicas comportamentais passaram a ser valorizadas, aplicando uma abordagem contingencialista ao tentar influenciar o comportamento humano através do ambiente de trabalho, dando espaço ao surgimento de estuda da satisfação.

A aplicação dos métodos e descobertas da psicologia à solução dos problemas oriundos do trabalho e esforços para resolutividade do mesmo deu início a um novo campo de estudo: a psicologia industrial, ramo que resulta a aplicação de conhecimentos de diversas ciências sociais à gestão. Tal designação aparece em muitas obras, mas a maioria dos estudiosos preferem tratar como psicologia do trabalho por ser mais abrangente, uma vês que trabalho industrial é apenas uma modalidade de trabalho, dá ênfase a fatores sociológicos e psicológicos – ambiente social do local de trabalho – esquecendo de aspectos importantes no contexto atmosfera do trabalho como níveis salarias, níveis de interesse, cultura organizacional e relações entre trabalhadores e gestores, sendo por isso demasiado restrito para nomear a ciência.

Quando a psicologia industrial passa a apresentar objetivos mais voltados para os indivíduos que na própria empresa, estudando o trabalho humano em todos os seus significados e manifestações (LIMA, 1995, P.53), com uma visão mais ampla do homem que trabalha e do trabalho do homem, ela passa a ser considerada a Psicologia do Trabalho.

A psicologia do trabalho surge, portanto, inserida na psicologia aplicada[2],registrando-se nesta área os primeiros grandes estudos. Neste contexto a Psicologia voltada para o trabalho surge atrelada aos interesses das indústrias.
Das publicações mais antigas destacam-se as obras Psicologia e eficiência industrial (Psychologie et efficience industrielle, 1913) e Fundamentos da psicotécnica (Fondements de la psychotechnique, 1914),Hugo Münsterberger.

“No passado, os psicólogos industriais tornaram muitas coisas como certas. A estrutura toda da indústria, suas tradições e superstições, têm sido aceitas quase sem perguntas e tem-se a impressão de que os seres humanos foram feitos para adaptar-se à indústria, em vez de suceder o contrário.” (BROWN, 1976. P.23)

Após Hugo Münsterberger surgiram outros autores dos quais se destacam Fritz J. Roethlisberger, William Dickson, E.E.Ghiselli e C.W.Brow, os quais aprofundaram o aspecto do estudo da personalidade dos operários e gestores e as investigações nas áreas de motivação, liderança, comunicação e relações interpessoais e sociais no interior de uma organização. Dedicando também à análise das causas e efeitos da fadiga e à utilização dos testes para a seleção dos trabalhadores.

Os problemas psicológicos do trabalho, durante um período, limitavam-se apenas aos problemas que o recrutamento e a distribuição de pessoal, ou seja, como encontrar o melhor trabalhador, como pô-lo a produzir o melhor possível; deste modo o psicólogo do trabalho passava a maior parte de tempo com a aplicação de testes específicos.

Com o alargamento do campo desta ciência o profissional da psicologia passa também a tratar da formação do trabalhador, da orientação do trabalho, da planificação das carreiras e da organização nos seus diferentes aspectos.

Este ramo destaca-se por se tratar de uma área que lida a prevenção e promoção de saúde do trabalhador no ambiente em que está inserido, abarcando, principalmente a três grandes áreas:

·         O HOMEM E SUA RELAÇÃO com o trabalho abalroando a personalidade do trabalhador, sua capacidade de aprendizagem e a origem das diferenças individuais entre os trabalhadores, seu nível de conhecimento e competência e sua motivação para o trabalho. Centra-se no componente humano.
·         ESTUDO DO AMBIENTE ONDE SE DÁ O TRABALHO e que pode fluir positiva ou negativa no comportamento do indivíduo, sua relação com os instrumentos de trabalho, como lida com decisão e risco, sua postura frente às incertezas do cumprimento de metas. Desses estudos surgem dados importantes para o estudo da ergonomia[3] e adaptação do homem ao trabalho e vice-versa.
·         ESTUDO DAS RELAÇÕES ENTRE COMPONENTES DO CONJUNTO, entre o homem e seu trabalho às tarefas que este tem de realizar em determinado momento e local. Pretende-se nesta área averiguar as relações das pausas no trabalho com os efeitos da monotonia.

Outro ponto relevante da ciência e prática do profissional da psicologia do trabalho pode ser destacado quanto aos seus objetivos emprazando:

·         RECRUTAMENTO DE PESSOAL cuja principal abordagem é manter o arquivo de pessoal atualizado, currículos em consonância com a política de pessoal aprovado pela instituição, além de recrutar candidatos que possuem requisitos para uma tarefa específica.
·         SELEÇÃO apontando entre os candidatos recrutados aquele que melhor atende o perfil para o cargo.
·         ACOMPANHAMENTO DO TRABALHADOR principalmente durante o período de experiência, onde o psicólogo do trabalho assume a função de interagir o novo trabalhador na instituição, acompanhando sua adaptação no setor e nos setores, com os gestores e colegas.
·         MAPEAMENTO trabalho que visa satisfazer as necessidades existentes, detectar as dificuldades enfrentadas pelas equipes de setores, dando um discurso às necessidades emergentes, obtendo com esta ação uma melhor qualidade de vida no trabalho e também um melhor serviço ao cliente interno e externo.
·         TREINAMENTO busca aperfeiçoar o desempenho operacional da equipe da organização.
·         DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL intenta um melhor desenvolvimento interpessoal e profissional dos trabalhadores envolvidos. Prevendo a melhoria das relações para o desenvolvimento de equipes resultando em qualidade de vida.

Enveredando pelo Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO) o psicólogo do trabalho é um profissional que “exerce atividade no campo da psicologia aplicada ao trabalho, como recrutamento, seleção, orientação, aconselhamentos e treinamento profissional, realizando a identificação e análise das funções, tarefas e ocupações, organizando e aplicando testes e provas, realizando entrevistas, sondagens da aptidões e de capacidade profissional e no acompanhamento e avaliação de desempenho de pessoal, para assegurar às empresas ou por quem quer que se deem as relações laborais, a aquisição de pessoal dotado das habilidades necessárias, e ao indivíduo maior satisfação no trabalho”. (Portal do trabalho e emprego, MTE. 2010)

Nesse sentido a atuação do profissional se dá em diversas áreas a mencionar empresas, gabinete de uma organização, consultorias, órgãos públicos e até em laboratório de investigações existentes nas universidades. Sua atuação é de extrema importância tanto para os funcionários, que são alocados em ambientes propícios às suas condições e habilidades, quanto para as empresas, pela rentabilidade proporcionada por um trabalhador satisfeito, permitindo ao psicólogo aperfeiçoar melhorias das condições de vida, trabalho e saúde dos trabalhadores nos diferentes setores da economia.

Em termos de bem estar, os psicólogos podem atuar na criação de programas de qualidade de vida, na prevenção de doenças ocupacionais, na formulação de estratégias para melhoria em projetos dos diversos setores da organização, é essencial para identificar e reduzir possíveis impactos negativos na vida das pessoas, bem como para potencializar efeitos positivos.

Por fim, o psicólogo do trabalho deve propiciar condições para que os funcionários executem suas atividades, atinjam suas metas e se desenvolvam junto à organização.

[1] Albornoz, Susana. O que é trabalho. São Paulo: Brasiliense, 2004.
[2] Questionamento sobre ética e valores, a ciência e a tecnologia a serviço do bem-estar do homem.

[3] Ergonomia (ou Factores Humanos) trata da compreensão das interacções entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, por exemplo na adequação de um posto de trabalho às características, capacidades e limitações humanas.


Fonte:

ALBORNOZ, Susana. O que é trabalho. São Paulo: Brasiliense, 2004.

Psicologia do Trabalho. Infopédia. Porto Editora, 2003 – 2010. Disponível em URL www.infopédia.pt/psicologia-do-trabalho.

Revista on-line do psicólogo. Introdução à psicologia do trabalho. Disponível em URL www.psicologado.com.

Ministério do Trabalho e Emprego, MTE. Portal do trabalho e emprego. Disponível em URL www.mtecbo.gov.br/cbosite/.


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